quinta-feira, novembro 30, 2006
quarta-feira, novembro 29, 2006
terça-feira, novembro 28, 2006
segunda-feira, novembro 27, 2006
domingo, novembro 26, 2006
terça-feira, novembro 21, 2006
quarta-feira, novembro 15, 2006
segunda-feira, novembro 13, 2006
domingo, novembro 12, 2006
(Morin, E. 2003 - Meus demônios - Bertrand Brasil)
"O Amor é o centro da ontologia moriniana. Constitui o princípio gravitacional da supercomplexidade da vida, pois "pode iluminar-se, regenerar-se, refecundar-se sem deixar de se perder, de se dispersar, de se degradar " (Morin, 1980 - Método 2). Fonte de concretização do relacionamento, o amor é a pulsão essencial que fertiliza a força transformadora da vida, a potencialidade imanente de auto-transformação que cada ser humano tem em si. "A força do amor desenha a magia do encontro do sagrado com o profano, do mitológico com o sexual, ao religar as individualidades egocêntricas em seus caracteres mais intima e intensamente subjetivos".(op. cit)".
Amor Poesia Sabedoria
“Reconhecemos o amor como o cúmulo da união da loucura e da sabedoria, isto é, que no amor, sabedoria e loucura não só são inseparáveis como se entregam uma à outra. Reconhecemos a poesia não só como modo de expressão literária, mas como estado, dito segundo, que nos surge da participação, do fervor, da admiração, da comunhão, da bebedeira, da exaltação e, claro, do amor que em si contém todas as expressões do estado segundo. A poesia está liberta do mito e da razão trazendo em si a sua união. O estado poético transporta-nos, através da loucura e da sabedoria, para além da loucura e da sabedoria.”
“A sabedoria pode problematizar o amor e a poesia, mas o amor e a poesia podem, reciprocamente, problematizar a sabedoria.”
“O excesso de sabedoria torna-se louco, a sabedoria só evita a loucura misturando-se com a loucura da poesia e do amor.”
“Amor e poesia, quando concebidos como fins e meios do viver, dão plenitude de sentido ao "viver para viver".”
Amor Poesia Sabedoria. 1997
segunda-feira, novembro 06, 2006
Arnaldo Antunes
20/03/2002
Caligrafia.
Arte do desenho manual das letras e palavras.
Território híbrido entre os códigos verbal e visual.
— O que se vê contagia o que se lê.
Das inscrições rupestres pré-históricas às vanguardas artísticas do século XX.
Sofisticadamente desenvolvida durante milênios pelas tradições chinesa, japonesa, egípcia, árabe.
Com lápis, pena, pincel, caneta, mouse ou raio laser.
— O que se vê transforma o que se lê.
A caligrafia está para a escrita como a voz está para a fala.
A cor, o comprimento e espessura das linhas, a curvatura, a disposição espacial, a velocidade, o ângulo de inclinação dos traços da escrita correspondem a timbre, ritmo, tom, cadência, melodia do discurso falado.
Entonação gráfica.
Tais recursos constituem uma linguagem que associa características construtivistas (organização gráfica das palavras na página) a uma intuição orgânica, orientada pelos impulsos do corpo que a produz.
Assim como a voz apresenta a efetivação física do discurso (o ar nos pulmões, a contração do abdómen, a vibração das cordas vocais, os movimentos da língua), a caligrafia também está intimamente ligada ao corpo, pois carrega em si os sinais de maior força ou delicadeza, rapidez ou lentidão, brutalidade ou leveza do momento de sua feitura.
A irregularidade do traço denuncia o tremor da mão. O arco de abertura do braço fica subentendido na curva da linha. O escorrido da tinta e a forma de sua aborção pelo papel indicam velocidade. A variação da espessura do traço marca a pressão imprimida contra o papel. As gotas de tinta assinalam a indecisão ou precipitação do pincel no ar.
Rastos de gestos.
A própria existência de um saber como o da grafologia, independentemente de sua finalidade interpretativa sobre a personalidade de quem escreve, aponta para a relevância que podem ter os aspectos formais que, muitas vezes inconscientemente, constituem a "letra" de uma pessoa.
O atrito entre o o sentido convencional das palavras (tal como estão no dicionário) e as características expressivas da escritura manual abre um campo de experimentação poética que multiplica as camadas de significação.
Além disso, suas linhas, curvas, texturas, traços, manchas e borrões, mesmo que ilegíveis, ou apenas semi-decifráveis, podem produzir sugestões de sentidos que ocorrem independentemente do que se está escrevendo, apenas pelo fato de utilizarem os sinais próprios da escrita.
O A grávido de O.
Érres e ésses atacando Es.
A multiplicação de agás.
Rios de Us e emes e zês.
Esqueletos de signos fragmentados.
Dança de letras sobrepostas possibilitando diferentes leituras.
Paisagens.
Horizontes ou abismos.
domingo, novembro 05, 2006
sábado, novembro 04, 2006
sexta-feira, novembro 03, 2006
quinta-feira, novembro 02, 2006
- como Lucano observou há dois milênios e Francis Bacon repetiu muitos séculos depois -
ser refém do destino". (p.21)
"Todo amor empenha-se em subjugar, mas quando triunfa encontra a derradeira derrota. Todo amor luta para enterrar as fontes de sua precariedade e incerteza, mas, se obtém êxito, logo começa a se enfraquecer - e definhar. Eros é possuído pelo fantasma de Tanatos, que nenhum encantamento mágico é capaz de exorcizar. A questão não é a precocidade de Eros, e não há instrução ou expedientes autodidáticos que possam libertá-lo de sua mórbida - suicida - inclinação". (p.22)
"Não importa o que você aprendeu sobre o amor e amar, sua sabedoria só pode vir, tal como o Messias de Kafka, um dia depois de sua chegada.
(...) O amor é uma hipótese baseada num futuro incerto e inescrutável. O amor pode ser, e freqüentemente é, tão aterrorizante quanto a morte. Só que ele encobre essa verdade com a comoção do desejo e do excitamento". (p.23)
Zygmunt Bauman, 2004
Amor Líquido - sobre a fragilidade dos laços humanos - Zahar
quarta-feira, novembro 01, 2006
Transreligião
"O que torna uma resolução tão difícil é não sabermos o que queremos e o quanto queremos."
Existe um povo, que "faz uso de uma tradição muito antiga que experimentou encrencas e dificuldades de todas as sortes. E a necessidade é a mãe das resoluções. No caso particular desta tradição, condições muito favoráveis permitiram uma visão de vida muito aguçada e perspicaz, que passou a ser popularmente chamada de 'ídiche kop', literalmente 'cabeça de judeu', entre os próprios judeus. Não se trata de um método e nem de uma sabedoria, mas o acúmulo de 'massa crítica' mínima de problemas necessária para instaurar um processo existencial voluntário de questionamento do impossível."
"... os segredos da recontextualização estão... observação cautelosa da realidade. Desde tempos muito antigos, a tradição cabalística afirmava que a realidade existe em camadas, como uma cebola. Desfazer uma a uma estas camadas permite dissecar a realidade com índices de eficácia muito maiores do que sua percepção reduzida a uma única dimensão."
"A impossibilidade é uma condição momentânea, e quem sabe disto não desiste. E nenhuma outra postura é tão instigadora de criatividade e intuição quanto o 'não desistir'. O simples fato de permanecer no 'jogo' abre opções que, fora dele, ao se 'jogar a toalha', obviamente não existem."
"A simplicidade que uma resolução pode assumir quando não comprometida com 'resoluções estéticas' chega a ser experimentada de forma cômica por um observador."
Nilton Bonder
"O segredo judaico de resolução de problemas: a utilização da ignorância na resolução de problemas" - Rio de Janeiro: Imago Ed., 1995.