quarta-feira, novembro 29, 2006


Rabbi Nilton Bonder with his surfboard
Ipanema Beach, Rio de Janeiro, Brazil, January 2003
Photograph: Zion Ozeri

domingo, novembro 26, 2006

Arcimboldo

Summer
Giuseppe Arcimboldo (about 1527-1593)
Oil on canvas

© Musée du Louvre, Cliché G. Blot/RMN

segunda-feira, novembro 13, 2006

domingo, novembro 12, 2006

"Para pensar complexo é preciso ser complexo"
(Morin, E. 2003 - Meus demônios - Bertrand Brasil)



"O Amor é o centro da ontologia moriniana. Constitui o princípio gravitacional da supercomplexidade da vida, pois "
pode iluminar-se, regenerar-se, refecundar-se sem deixar de se perder, de se dispersar, de se degradar " (Morin, 1980 - Método 2). Fonte de concretização do relacionamento, o amor é a pulsão essencial que fertiliza a força transformadora da vida, a potencialidade imanente de auto-transformação que cada ser humano tem em si. "A força do amor desenha a magia do encontro do sagrado com o profano, do mitológico com o sexual, ao religar as individualidades egocêntricas em seus caracteres mais intima e intensamente subjetivos".(op. cit)".

(Pena-Vega, A. & Nascimento, E. 1999 - O Pensar Complexo - Garamond)

Amor Poesia Sabedoria



“Reconhecemos o amor como o cúmulo da união da loucura e da sabedoria, isto é, que no amor, sabedoria e loucura não só são inseparáveis como se entregam uma à outra. Reconhecemos a poesia não só como modo de expressão literária, mas como estado, dito segundo, que nos surge da participação, do fervor, da admiração, da comunhão, da bebedeira, da exaltação e, claro, do amor que em si contém todas as expressões do estado segundo. A poesia está liberta do mito e da razão trazendo em si a sua união. O estado poético transporta-nos, através da loucura e da sabedoria, para além da loucura e da sabedoria.”

“O amor é parte da poesia da vida. A poesia é parte do amor da vida. Amor e poesia geram-se um ao outro e podem se identificar um ao outro.”
“A sabedoria pode problematizar o amor e a poesia, mas o amor e a poesia podem, reciprocamente, problematizar a sabedoria.”
“O excesso de sabedoria torna-se louco, a sabedoria só evita a loucura misturando-se com a loucura da poesia e do amor.”
“Amor e poesia, quando concebidos como fins e meios do viver, dão plenitude de sentido ao "viver para viver".”

Edgar Morin
Amor Poesia Sabedoria. 1997

segunda-feira, novembro 06, 2006

Sobre a caligrafia
Arnaldo Antunes
20/03/2002

Caligrafia.
Arte do desenho manual das letras e palavras.
Território híbrido entre os códigos verbal e visual.
— O que se vê contagia o que se lê.
Das inscrições rupestres pré-históricas às vanguardas artísticas do século XX.
Sofisticadamente desenvolvida durante milênios pelas tradições chinesa, japonesa, egípcia, árabe.
Com lápis, pena, pincel, caneta, mouse ou raio laser.
— O que se vê transforma o que se lê.
A caligrafia está para a escrita como a voz está para a fala.
A cor, o comprimento e espessura das linhas, a curvatura, a disposição espacial, a velocidade, o ângulo de inclinação dos traços da escrita correspondem a timbre, ritmo, tom, cadência, melodia do discurso falado.
Entonação gráfica.
Tais recursos constituem uma linguagem que associa características construtivistas (organização gráfica das palavras na página) a uma intuição orgânica, orientada pelos impulsos do corpo que a produz.
Assim como a voz apresenta a efetivação física do discurso (o ar nos pulmões, a contração do abdómen, a vibração das cordas vocais, os movimentos da língua), a caligrafia também está intimamente ligada ao corpo, pois carrega em si os sinais de maior força ou delicadeza, rapidez ou lentidão, brutalidade ou leveza do momento de sua feitura.
A irregularidade do traço denuncia o tremor da mão. O arco de abertura do braço fica subentendido na curva da linha. O escorrido da tinta e a forma de sua aborção pelo papel indicam velocidade. A variação da espessura do traço marca a pressão imprimida contra o papel. As gotas de tinta assinalam a indecisão ou precipitação do pincel no ar.
Rastos de gestos.
A própria existência de um saber como o da grafologia, independentemente de sua finalidade interpretativa sobre a personalidade de quem escreve, aponta para a relevância que podem ter os aspectos formais que, muitas vezes inconscientemente, constituem a "letra" de uma pessoa.
O atrito entre o o sentido convencional das palavras (tal como estão no dicionário) e as características expressivas da escritura manual abre um campo de experimentação poética que multiplica as camadas de significação.
Além disso, suas linhas, curvas, texturas, traços, manchas e borrões, mesmo que ilegíveis, ou apenas semi-decifráveis, podem produzir sugestões de sentidos que ocorrem independentemente do que se está escrevendo, apenas pelo fato de utilizarem os sinais próprios da escrita.
O A grávido de O.
Érres e ésses atacando Es.
A multiplicação de agás.
Rios de Us e emes e zês.
Esqueletos de signos fragmentados.
Dança de letras sobrepostas possibilitando diferentes leituras.
Paisagens.
Horizontes ou abismos.

sábado, novembro 04, 2006

La Ribot


Image from 40 espontáneos performed at Dance Umbrella October 2005, London. Photo: Hugo Glendinning

quinta-feira, novembro 02, 2006

"É da natureza do amor
- como Lucano observou há dois milênios e Francis Bacon repetiu muitos séculos depois -
ser refém do destino". (p.21)

"Todo amor empenha-se em subjugar, mas quando triunfa encontra a derradeira derrota. Todo amor luta para enterrar as fontes de sua precariedade e incerteza, mas, se obtém êxito, logo começa a se enfraquecer - e definhar. Eros é possuído pelo fantasma de Tanatos, que nenhum encantamento mágico é capaz de exorcizar. A questão não é a precocidade de Eros, e não há instrução ou expedientes autodidáticos que possam libertá-lo de sua mórbida - suicida - inclinação". (p.22)

"Não importa o que você aprendeu sobre o amor e amar, sua sabedoria só pode vir, tal como o Messias de Kafka, um dia depois de sua chegada.
(...) O amor é uma hipótese baseada num futuro incerto e inescrutável. O amor pode ser, e freqüentemente é, tão aterrorizante quanto a morte. Só que ele encobre essa verdade com a comoção do desejo e do excitamento". (p.23)

Zygmunt Bauman, 2004
Amor Líquido - sobre a fragilidade dos laços humanos - Zahar
Carpe diem,
nec minimum credüla postëro

(APROVEITA O DIA (DE HOJE), CONFIADA O MENOS POSSÍVEL NO DE AMANHÃ)


Horácio - Odes, Livro 1, 11, 8.

quarta-feira, novembro 01, 2006

Noites Cariocas com Rita Lee!!!


foto: Gabriela Andrade

Transreligião

"O que torna uma resolução tão difícil é não sabermos o que queremos e o quanto queremos."

Existe um povo, que "faz uso de uma tradição muito antiga que experimentou encrencas e dificuldades de todas as sortes. E a necessidade é a mãe das resoluções. No caso particular desta tradição, condições muito favoráveis permitiram uma visão de vida muito aguçada e perspicaz, que passou a ser popularmente chamada de 'ídiche kop', literalmente 'cabeça de judeu', entre os próprios judeus. Não se trata de um método e nem de uma sabedoria, mas o acúmulo de 'massa crítica' mínima de problemas necessária para instaurar um processo existencial voluntário de questionamento do impossível."

"... os segredos da recontextualização estão... observação cautelosa da realidade. Desde tempos muito antigos, a tradição cabalística afirmava que a realidade existe em camadas, como uma cebola. Desfazer uma a uma estas camadas permite dissecar a realidade com índices de eficácia muito maiores do que sua percepção reduzida a uma única dimensão."

"A impossibilidade é uma condição momentânea, e quem sabe disto não desiste. E nenhuma outra postura é tão instigadora de criatividade e intuição quanto o 'não desistir'. O simples fato de permanecer no 'jogo' abre opções que, fora dele, ao se 'jogar a toalha', obviamente não existem."

"A simplicidade que uma resolução pode assumir quando não comprometida com 'resoluções estéticas' chega a ser experimentada de forma cômica por um observador."

Nilton Bonder
"O segredo judaico de resolução de problemas: a utilização da ignorância na resolução de problemas" - Rio de Janeiro: Imago Ed., 1995.