quinta-feira, dezembro 14, 2006

sábado, dezembro 09, 2006

quarta-feira, dezembro 06, 2006

Árvore de Natal


Enfants réunis autour d'un arbre de Noël (oranger en caisse) dans un intérieur bourgeois à la fin du XIXe siècle

Lithographie coloriée
Imagerie française, Metz.

quarta-feira, novembro 29, 2006


Rabbi Nilton Bonder with his surfboard
Ipanema Beach, Rio de Janeiro, Brazil, January 2003
Photograph: Zion Ozeri

domingo, novembro 26, 2006

Arcimboldo

Summer
Giuseppe Arcimboldo (about 1527-1593)
Oil on canvas

© Musée du Louvre, Cliché G. Blot/RMN

segunda-feira, novembro 13, 2006

domingo, novembro 12, 2006

"Para pensar complexo é preciso ser complexo"
(Morin, E. 2003 - Meus demônios - Bertrand Brasil)



"O Amor é o centro da ontologia moriniana. Constitui o princípio gravitacional da supercomplexidade da vida, pois "
pode iluminar-se, regenerar-se, refecundar-se sem deixar de se perder, de se dispersar, de se degradar " (Morin, 1980 - Método 2). Fonte de concretização do relacionamento, o amor é a pulsão essencial que fertiliza a força transformadora da vida, a potencialidade imanente de auto-transformação que cada ser humano tem em si. "A força do amor desenha a magia do encontro do sagrado com o profano, do mitológico com o sexual, ao religar as individualidades egocêntricas em seus caracteres mais intima e intensamente subjetivos".(op. cit)".

(Pena-Vega, A. & Nascimento, E. 1999 - O Pensar Complexo - Garamond)

Amor Poesia Sabedoria



“Reconhecemos o amor como o cúmulo da união da loucura e da sabedoria, isto é, que no amor, sabedoria e loucura não só são inseparáveis como se entregam uma à outra. Reconhecemos a poesia não só como modo de expressão literária, mas como estado, dito segundo, que nos surge da participação, do fervor, da admiração, da comunhão, da bebedeira, da exaltação e, claro, do amor que em si contém todas as expressões do estado segundo. A poesia está liberta do mito e da razão trazendo em si a sua união. O estado poético transporta-nos, através da loucura e da sabedoria, para além da loucura e da sabedoria.”

“O amor é parte da poesia da vida. A poesia é parte do amor da vida. Amor e poesia geram-se um ao outro e podem se identificar um ao outro.”
“A sabedoria pode problematizar o amor e a poesia, mas o amor e a poesia podem, reciprocamente, problematizar a sabedoria.”
“O excesso de sabedoria torna-se louco, a sabedoria só evita a loucura misturando-se com a loucura da poesia e do amor.”
“Amor e poesia, quando concebidos como fins e meios do viver, dão plenitude de sentido ao "viver para viver".”

Edgar Morin
Amor Poesia Sabedoria. 1997

segunda-feira, novembro 06, 2006

Sobre a caligrafia
Arnaldo Antunes
20/03/2002

Caligrafia.
Arte do desenho manual das letras e palavras.
Território híbrido entre os códigos verbal e visual.
— O que se vê contagia o que se lê.
Das inscrições rupestres pré-históricas às vanguardas artísticas do século XX.
Sofisticadamente desenvolvida durante milênios pelas tradições chinesa, japonesa, egípcia, árabe.
Com lápis, pena, pincel, caneta, mouse ou raio laser.
— O que se vê transforma o que se lê.
A caligrafia está para a escrita como a voz está para a fala.
A cor, o comprimento e espessura das linhas, a curvatura, a disposição espacial, a velocidade, o ângulo de inclinação dos traços da escrita correspondem a timbre, ritmo, tom, cadência, melodia do discurso falado.
Entonação gráfica.
Tais recursos constituem uma linguagem que associa características construtivistas (organização gráfica das palavras na página) a uma intuição orgânica, orientada pelos impulsos do corpo que a produz.
Assim como a voz apresenta a efetivação física do discurso (o ar nos pulmões, a contração do abdómen, a vibração das cordas vocais, os movimentos da língua), a caligrafia também está intimamente ligada ao corpo, pois carrega em si os sinais de maior força ou delicadeza, rapidez ou lentidão, brutalidade ou leveza do momento de sua feitura.
A irregularidade do traço denuncia o tremor da mão. O arco de abertura do braço fica subentendido na curva da linha. O escorrido da tinta e a forma de sua aborção pelo papel indicam velocidade. A variação da espessura do traço marca a pressão imprimida contra o papel. As gotas de tinta assinalam a indecisão ou precipitação do pincel no ar.
Rastos de gestos.
A própria existência de um saber como o da grafologia, independentemente de sua finalidade interpretativa sobre a personalidade de quem escreve, aponta para a relevância que podem ter os aspectos formais que, muitas vezes inconscientemente, constituem a "letra" de uma pessoa.
O atrito entre o o sentido convencional das palavras (tal como estão no dicionário) e as características expressivas da escritura manual abre um campo de experimentação poética que multiplica as camadas de significação.
Além disso, suas linhas, curvas, texturas, traços, manchas e borrões, mesmo que ilegíveis, ou apenas semi-decifráveis, podem produzir sugestões de sentidos que ocorrem independentemente do que se está escrevendo, apenas pelo fato de utilizarem os sinais próprios da escrita.
O A grávido de O.
Érres e ésses atacando Es.
A multiplicação de agás.
Rios de Us e emes e zês.
Esqueletos de signos fragmentados.
Dança de letras sobrepostas possibilitando diferentes leituras.
Paisagens.
Horizontes ou abismos.

sábado, novembro 04, 2006

La Ribot


Image from 40 espontáneos performed at Dance Umbrella October 2005, London. Photo: Hugo Glendinning

quinta-feira, novembro 02, 2006

"É da natureza do amor
- como Lucano observou há dois milênios e Francis Bacon repetiu muitos séculos depois -
ser refém do destino". (p.21)

"Todo amor empenha-se em subjugar, mas quando triunfa encontra a derradeira derrota. Todo amor luta para enterrar as fontes de sua precariedade e incerteza, mas, se obtém êxito, logo começa a se enfraquecer - e definhar. Eros é possuído pelo fantasma de Tanatos, que nenhum encantamento mágico é capaz de exorcizar. A questão não é a precocidade de Eros, e não há instrução ou expedientes autodidáticos que possam libertá-lo de sua mórbida - suicida - inclinação". (p.22)

"Não importa o que você aprendeu sobre o amor e amar, sua sabedoria só pode vir, tal como o Messias de Kafka, um dia depois de sua chegada.
(...) O amor é uma hipótese baseada num futuro incerto e inescrutável. O amor pode ser, e freqüentemente é, tão aterrorizante quanto a morte. Só que ele encobre essa verdade com a comoção do desejo e do excitamento". (p.23)

Zygmunt Bauman, 2004
Amor Líquido - sobre a fragilidade dos laços humanos - Zahar
Carpe diem,
nec minimum credüla postëro

(APROVEITA O DIA (DE HOJE), CONFIADA O MENOS POSSÍVEL NO DE AMANHÃ)


Horácio - Odes, Livro 1, 11, 8.

quarta-feira, novembro 01, 2006

Noites Cariocas com Rita Lee!!!


foto: Gabriela Andrade

Transreligião

"O que torna uma resolução tão difícil é não sabermos o que queremos e o quanto queremos."

Existe um povo, que "faz uso de uma tradição muito antiga que experimentou encrencas e dificuldades de todas as sortes. E a necessidade é a mãe das resoluções. No caso particular desta tradição, condições muito favoráveis permitiram uma visão de vida muito aguçada e perspicaz, que passou a ser popularmente chamada de 'ídiche kop', literalmente 'cabeça de judeu', entre os próprios judeus. Não se trata de um método e nem de uma sabedoria, mas o acúmulo de 'massa crítica' mínima de problemas necessária para instaurar um processo existencial voluntário de questionamento do impossível."

"... os segredos da recontextualização estão... observação cautelosa da realidade. Desde tempos muito antigos, a tradição cabalística afirmava que a realidade existe em camadas, como uma cebola. Desfazer uma a uma estas camadas permite dissecar a realidade com índices de eficácia muito maiores do que sua percepção reduzida a uma única dimensão."

"A impossibilidade é uma condição momentânea, e quem sabe disto não desiste. E nenhuma outra postura é tão instigadora de criatividade e intuição quanto o 'não desistir'. O simples fato de permanecer no 'jogo' abre opções que, fora dele, ao se 'jogar a toalha', obviamente não existem."

"A simplicidade que uma resolução pode assumir quando não comprometida com 'resoluções estéticas' chega a ser experimentada de forma cômica por um observador."

Nilton Bonder
"O segredo judaico de resolução de problemas: a utilização da ignorância na resolução de problemas" - Rio de Janeiro: Imago Ed., 1995.

segunda-feira, outubro 30, 2006

"Ao lado do poder, há sempre a potência.
Ao lado da dominação, há sempre insubordinação.
E trata-se de cavar, de continuar a cavar, a partir do ponto mais baixo:
este ponto... é simplesmente lá onde as pessoas sofrem,
ali onde elas são as mais pobres e as mais exploradas;
ali onde as linguagens e os sentidos estão mais separados de qualquer poder de ação
e onde, no entanto, ele existe;
pois tudo isso é a vida e não a morte."

Antonio Negri
(apud Pelbart, 2002)

terça-feira, outubro 24, 2006

A alma imoral
Nilton Bonder
Ensaio 136 páginas

O novo livro de Nilton Bonder, A alma imoral, mostra que, num mundo de interdisciplinaridade, religião e biologia, tradição e sobrevivência, continuidade e mutação não são áreas desconexas. Mas do que tudo, num mundo que redescobre o corpo, faz necessária uma nova linguagem para descrever a natureza humana. Os milenares conceitos de corpo e alma, propõe Bonder, são o primeiro registro de uma proposta biológica - de estudo da vida e de suas leis.

Num texto que provoca a comparação entre preservação e evolução com tradição e traição, A alma imoral aponta para um paraíso onde os únicos mandamentos eram "multiplicar-se" e lidar com a questão da "transgressão". A consciência humana é formada desta descoberta fantástica de que nossa tarefa não é apenas a procriação, mas, nas condições certas e na medida certa, transcender a nós mesmos. Esta traição para nós mesmos, que é vital para a continuidade da espécie, gera o conceito de alma.

Para Bonder, a alma é o elemento do próprio corpo que está comprometida com alternativas fora deste corpo. E, enquanto o corpo forja a moral para garantir sua preservação através da procriação, a alma engendra transgressões. Esta alma que questiona a moral, assumindo-se muitas vezes imoral, é apresentada através de incontáveis transgressões em textos e conceitos antigos.

Um livro de profundo impacto na reflexão sobre o certo e o errado, a obediência e a desobediência, as fidelidades e as traições. Um convite a conhecer as profundas conexões entre o traidor e o traído, entre a marginalidade e a santidade, entre a alma e o corpo.

Sobre o autor

Nilton Bonder é rabino com função de líder espiritual da Congregação Judaica do Brasil. É graduado em engenharia mecânica pela Universidade de Columbia e doutor em literatura hebraica pelo Jewish Theological Seminary.

Reconhecido internacionalmente, seus livros já foram lançados nos Estados Unidos e Europa com grande sucesso. A cabala da comida, A cabala do dinheiro, O segredo judaico de resolução de problemas estão entre seus títulos mais vendidos. Seu livro anterior, Portais secretos, foi lançado pela Rocco em 1996. A alma imoral é seu décimo primeiro livro.

In: http://www.editoras.com/rocco/022088.htm

domingo, outubro 22, 2006

C.R.A.Z.Y.


Jean-Marc Vallée

Parábola da Complexidade

“ A questão da complexidade está na moda, mas no sentido em que vou utilizá-la, ela é antiga. Lichtenberg, que vivia no século XVIII, já a tinha colocado na forma de uma parábola, num texto que o põe em cena como químico sonhando (Lichtenberg era a um só tempo químico, escritor, físico, crítico literário, etc.) . Lichtenberg-químico sonha que um Ser sobrenatural, ao qual ele não dá nome mas que é evidentemente Deus criador, lhe confia uma bola mineral. Pede-lhe para analisá-la e lhe designa um laboratório bem equipado. Lichtenberg pensa que esta é a oportunidade de sua vida: ele vai descobrir um corpo desconhecido, com propriedades surpreendentes. Começa a trabalhar... A bola está com um pouco de poeira e ele a sopra; ela está úmida, ele a enxuga; testa suas propriedades em relação à eletricidade friccionando-a. Nada de particular, não é âmbar. Depois ele a analisa quimicamente e não encontra nada interessante, nada senão compostos conhecidos... Decepção. O Ser sobrenatural reaparece e pergunta: “analisou?”, e Lichtenberg, perplexo, atônito, lhe dá a lista dos constituintes. “Você sabe o que analisou, mortal? Esta bola é o globo terrestre” (é um sonho; devemos imaginar uma terra sem âmago ardente, evidentemente). E o Ser sobrenatural descreve para o químico como, desde as primeiras operações, desde que se “apropriou” da bola soprando-a, enxugando-a com seu lenço, ele suprimiu tudo o que na terra tem de interessante, de singular. Os oceanos foram “soprados”, os Andes são essa poeira que está ainda agarrada em seu lenço, etc... O primeiro gesto de Lichtenberg, que ele acreditava ser neutro, insignificante, que fez sem pensar, e que era realmente o gesto de apropriação, reduziu a terra a um composto mineral qualquer. No final do sonho, Lichtenberg, ainda químico, mas jurando tomar todas as precauções possíveis e imagináveis, pede uma nova chance. O Ser sobrenatural lhe concede a nova chance e lhe diz: “Analise quimicamente o que encontrar nesse saco”. Lichtenberg abre o saco e cai de joelhos para pedir perdão, enquanto químico, por sua arrogância. Dentro do saco há um livro, e ele sabe que poderá analisá-lo sem que, evidentemente, a análise química lhe permita dizer o que quer que seja de interessante.

O sonho de Lichtenberg é a própria parábola da complexidade: a maneira pela qual abordamos aquilo com que lidamos é pertinente relativamente ao problema que nos é colocado por aquilo com que lidamos?” (p.151, 152)

PRIGOGINE, I. & STENGERS, I., 1991.: Quinto dia: Da complexidade (Outras Histórias para a ciência), In: A Nova Aliança. - Brasília: Universidade de Brasília.

sábado, outubro 21, 2006

quinta-feira, outubro 19, 2006

"Compreender é compreender as razões e as desrazões do outro. É compreender que o self deception, que é o enganar-se a si próprio, um processo mental bem freqüente, pode levar à cegueira sobre o mal cometido, e à auto-justificação, onde o assassinato do outro é considerado justiça ou represália.

A cegueira pode vir de uma impressão cultural sobre os espíritos. A cegueira pode resultar de uma convicção fanática, política ou religiosa. Quando os homens são possuídos pelas idéias, qual é a sua parte de responsabilidade nisso? Esse trabalho de compreensão tem algo de terrível, pois aquele que compreende se coloca em estado de total dessimetria com o fanático que não compreende nada, e que, evidentemente, não compreende que se o compreenda.

As situações são determinantes: virtualidades odiosas ou criminais podem surgir em circunstâncias de guerra (o que, em menor porte, acontece nas guerras conjugais). Os atos terroristas se devem a grupos que, ilusoriamente, vivem uma ideologia de guerra em tempos de paz. Eles são como alucinados numa redoma. Mas assim que a redoma se rompe, muitos deles voltam a ser pacíficos. Essas pessoas, cegas tanto pelo auto-engano quanto por ilusões políticas, me parecem, ao mesmo tempo irresponsáveis e responsáveis, e não podem isentar-se nem de uma condenação simplista, nem de um perdão ingênuo.

Há uma relação entre compreensão, a não vingança e, no limite, o perdão. Victor Hugo declarou: “Eu tento compreender para perdoar”. É primordial considerar que o perdão é uma aposta ética, uma aposta na regeneração daquele que falha, uma aposta na possibilidade de transformação e de conversão ao bem, daquele que cometeu o mal. O ser humano não é imutável: ele pode evoluir para melhor ou para pior."


Edgar Morin
Excerto do texto: PERDOAR É RESISTIR À CRUELDADE DO MUNDO, publicado no livro: ALMEIDA, M.-C.; KNOBB, M. & ALMEIDA, A. (org.), 2003.: Polifônicas Idéias - POA: Sulina

quarta-feira, outubro 18, 2006

Fernando Pessoa
Poesias Inéditas

Cai chuva. É noite. Uma pequena brisa

Cai chuva. É noite. Uma pequena brisa,
Substitui o calor.
P'ra ser feliz tanta coisa é precisa.
Este luzir é melhor.

O que é a vida? O espaço é alguém pra mim.
Sonhando sou eu só.
A luzir, em quem não tem fim
E, sem querer, tem dó.

Extensa, leve, inútil passageira,
Ao roçar por mim traz
Uma ilusão de sonho, em cuja esteira
A minha vida jaz.

Barco indelével pelo espaço da alma,
Luz da candeia além
Da eterna ausência da ansiada calma,
Final do inútil bem.

Que, se quer, e, se veio, se desconhece
Que, se for, seria
O tédio de o haver... E a chuva cresce
Na noite agora fria.


Pierre-Olivier Fineltin

terça-feira, outubro 10, 2006



«Baba antropofágica», 1973
Lygia Clark



In collective works like «Túnel» or «Objetos relacionais,» Lygia Clark initiates psychic processes of exchange which transform the dichotomy of subject and object. In doing so, she follows the transgressive logic of «devouring» and «vomiting». The reception of «Baba antropofágica» («Cannibalistic Saliva») also relies on the documentary film «O mundo de Lygia Clark,» filmed by Eduardo Clark in 1973. But escaping this phantasmal staging of the body seems almost impossible: kneeling over a guinea-pig-like subject lying on the floor, a figure pulls from its mouth—like spiders do from their bodies—a spittle-drenched thread and spins a cocoon around the reclining figure. The precarious division of subject and object is eliminated by this thread-like weaving, with the gestural webbing of the passive subject completing the inversion of the internal and external. In the retrospective, these interactive aspects might have been what was most convincing. In contrast to Performance and Body Art, Lygia Clark understood herself to be an initiator of processes, and was most successful in this respect when her haptic attempts on orderings were targeted at inter-subjective body politics.
(Source: Petra Löffler, «Lygia Clark, The Inside is the Outside», http://members.magnet.at/springerin/d/springer_2/springer_2_62.htm)

segunda-feira, outubro 09, 2006


Objetos relacionais em um contexto terapêutico: a estruturação de si próprio 1976-82
Lygia Clark